segunda-feira, 18 de julho de 2011

FESTIVAL DE CHANDIGARH

Estamos rodando pelas estradas em direção ao estado de Punjab, considerado o celeiro da Índia. A paisagem vai se desenrolando pelas vidraças do ônibus cheio de turistas, juntamente com um filme indiano projetado na TV em frente. Os campos dessa região são férteis e a maioria da população é sikh. Aqui está localizado o famoso templo dourado onde os sikhs se refugiaram durante um conflito.
Fomos convidadas a apresentar nossos trabalhos de arte em Chandigarh, capital do Punjab, cidade projetada por Le Corbusier. Esse grande arquiteto francês trouxe uma forte contribuição do modernismo europeu para a Ásia. Senti a síntese oriente-ocidente de forma explícita no coração da Índia. Aos poucos a cidade foi se desvendando para nós como uma Brasília.
Os prédios se assemelham pois Le Corbusier foi a grande referência para Oscar Niemeyer. Nossa chegada já estava no programa do festival e o guia nos conduziu pelas ruas da cidade, mostrando os principais pontos de atração. Outros artistas vieram para o festival tais como Hari Prasad, considerado o maior flautista da Índia e o percussionista Zakir Hussain, um jovem tablista indiano que residia nos EUA. Girija Devi e orquestra também estavam na programação.
Ivana anotou em seu diário: “Cada frase musical era nova, surpreendente, num crescendo de ritmos, gemidos e sons de harpa. Vemos que tudo é criado na hora, improvisado como no jazz. Às vezes a cantora faz um gesto imperceptível para acelerar o ritmo, o tablista entende, tudo se acelera. Às vezes ele toma a frente, muda o ritmo, divide, cria, solta o corpo, os demais ouvem atentos, acompanham no fundo. Tentamos, de fora, entrar nesse mundo criado entre aquelas pessoas sentadas na mesma posição durante três horas. Conseguimos às vezes compreender um pouco, receber uma parcela de toda aquela energia.”
Aqueles músicos me recordaram o grupo UAKTI e os sons da flauta e percussão ainda podem ser escutados aqui no Brasil.
A música, arte do tempo, se prolonga pelo espaço e a Índia, separada geograficamente por muitos mares, está sempre presente em nossa casa: os sons realmente aproximam os povos.
A programação incluía música, artes plásticas, dança e teatro, recordando os nossos festivais de inverno. A melhor propaganda de um país é a divulgação de sua arte. A arte aproxima as pessoas, e foi cantando “London, London” de Caetano Veloso para uma multidão de 20 mil sikhs, que Ivana pôde apresentar o Brasil aos indianos. Naquele momento, ao ar livre, ela cantava para um mar de turbantes coloridos.
No dia seguinte era Carnaval na Índia e seguimos de carreta cantando marchinhas brasileiras e canções que lembravam a missão de levar a harmonia e paz ao mundo.

Nossa missão estava cumprida e no dia seguinte nos sentimos livres para visitar as obras de arte do Punjab e fotografar esculturas recobertas de cacos de vidro ou louça do Rock Garden que lembram a nossa conhecida “Casa de Cacos” de Contagem.

 Realmente, cada vez mais, tomo consciência da interdependência ligando pessoas, natureza, idéias, sensações, sonhos. A nossa unidade com a natureza e o Universo vai se tornando cada vez mais uma realidade. Não somos separados, somos Um!

*Fotos de Maria Helena Andrés

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