segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CONCERTOS EM NOTRE DAME

            Paris continua sendo a cidade que lidera movimentos modernos e forma novos artistas para uma arte consciente e amadurecida. Estudamos isso na história da arte quando revivemos a luta dos impressionistas, seu espírito de não-acomodação às normas, sua vontade de fixar direções novas para a arte.
            A visão da Paris atual, quando mais de 100 anos se passaram desde as primeiras manifestações modernas até os dias de hoje, nos dá um esclarecimento melhor da cidade que ofereceu ambiente propício para que tais movimentos seguissem avante. Isto porque Paris, apesar de antiga em sua história, sempre foi moderna em seu espírito, abrigando movimentos às vezes contrários, mas sempre renovadores.
            Para haver renovação em arte é preciso que haja também campo para isso:  exposições, discussões, polêmicas, conferências, museus funcionando, antigos e modernos, concertos sinfônicos, teatros, ballets. De todos esses elementos nasce alguma coisa nova que, mais tarde, talvez, contribuirá para o avanço da arte. Isto acontece porque há lugar para todos, modernos e antigos, conservadores e vanguardistas. A cidade procura abrigá-los. O tempo e o público julgarão os melhores. A vida em Paris se multiplica de maneiras diversas, do misticismo ao erotismo, do intelectual que se afunda nos livros, alheio a tudo, ao gozador da vida, que freqüenta habitualmente o Lido e os cabarés da Praça Pigalle.
            Paris é cidade de contrastes. O espiritualismo e o materialismo vivem lado a lado, guardando mútuo respeito, sem interferências. Notre Dame de Paris, situada no centro de um imenso jardim, é grave e imponente, plantada no meio da ilha, como uma advertência. Seus sinos, quando batem, convidam ao silêncio e à meditação, e lá dentro, na penumbra, todo um passado histórico se desenrola.
            A imponência de Notre Dame rememora o profundo espírito comunitário do cristianismo da Idade Média, cada cristão contribuindo para a construção da catedral, cada artesão submetendo-se humildemente à orientação de um arquiteto, de um chefe, que os dirigia, como um maestro de uma grande orquestra.  As palavras sagradas transformaram-se em pedra e eternizaram-se nas esculturas, colunas e torres. A mesma juventude, que se reúne em Saint-Germain e Saint-Michelle, batendo papo e se divertindo nos cafés, ao longo das calçadas, é vista em religioso recolhimento dentro da catedral de Notre Dame, assistindo a um concerto de órgão. Superlotam as naves da catedral nessas noites de concerto, e se assentam no chão ou nas escadas, porque os bancos são insuficientes.
            Do lado de fora, em seus jardins, reúnem-se os "beatniks" franceses, barbudos, sujos, descalços. O protesto dos "beats" não é reprimido pelos guardas. Podem fazer o que quiserem, contanto que não passem do horário. À noite, depois de 10 horas, os guardas apitam e fecham os portões, e a turma se retira para seus abrigos à beira do Sena, debaixo das pontes mais lindas da cidade. A turma é jovem, adolescente ainda e não acredita na vida. Para eles não existe o futuro, as moças são livres, não guardam tradições de família.
Fotos da internet

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