Recebi de
Maurício Andrés esta síntese referente ao meu diário de viagem nos EUA em 1961.
Transcrevo abaixo trechos deste diário.
“Em 1961,
Maria Helena Andrés foi convidada pelo governo americano para fazer uma viagem
de estudos e pesquisas àquele país. A viagem durou quatro meses e ela deixou em
Belo Horizonte, sob a guarda de seu marido Luiz Andrés e familiares, seus seis
filhos, que tinham entre 12 e 1 ano de idade.
Nos Estados
Unidos, o roteiro incluiu visitas a Nova Iorque, Washington, Seattle, Cleveland,
San Francisco, Los Angeles, Phoenix, Santa Fé. Ela realizou exposições,
contatou artistas e colecionadores, universidades e escolas de arte. Comparou a
produção artística americana da costa leste e da costa oeste. Era a época da
guerra fria e o clima belicoso se refletiu em sua fase do fogo, da guerra e da
violência.
Na
Califórnia, teve o primeiro contato pessoal com as culturas asiáticas,
especialmente a China e o Japão, o que posteriormente a influenciou no seu
interesse pelos de integração entre o oriente e do ocidente, tema em que
evoluiu para se aprofundar na cultura indiana.” (Maurício Andrés)
VIAGEM AOS EUA
1961
Recebi um convite do
Consulado Americano em Belo Horizonte: tinha sido escolhida como artista e
professora de arte para visitar os Estados Unidos num programa cultural
denominado “Comitê de líderes e especialistas”. A programação, de janeiro a
maio de 1961, incluía visitas a escolas de artes, museus, galerias e contatos
com artistas de vanguarda da época. Como poderia eu aceitar uma viagem
internacional com uma família de seis filhos? Fiquei em conflito com essa
ideia, mas meu marido, Luiz Andrés, com a sua grande compreensão, me estimulou
a aceitar o convite. “Você deve ir, vai ser bom para a sua carreira. Pode
deixar que eu tomo conta das crianças”.
Dia de exposição é um dia cheio. Ninguém imagina o
quanto de cansaço e emoção nos acompanha este dia. Os flashes aqui começam
cedo. Desta vez, coincidiram com um programa na televisão. Tive de ir para lá
às duas horas, nem ao menos almoçar pude. Fiquei nos chás e torradas por falta
de tempo. Apresentaram-me a um brasileiro encarregado de me entrevistar.
Perguntas relativas à exposição e às minhas viagens, para serem televisionadas
na América do Sul, grande propaganda para mim. De todas as impressões, depois
de passado o movimento, ficaram os flashes na lembrança. Os focos luminosos
deslumbrando a sala, pessoas, pessoas, pessoas. TV, fotografia para jornais,
cinema. Tenho de fazer pose, fingir que explico um quadro, sorrir, ser fotografada
de perfil. As pessoas me rodeiam. Algumas vieram de chapéu, outras, não… Os
quadros lá estão, na parede à mostra. São apertos de mão, abraços, muitos nomes
para guardar e uma infinidade de olhos em cima de mim. Tenho de falar inglês,
português e castelhano; às vezes, falo português com um americano e inglês com
um brasileiro. A colônia brasileira compareceu em peso. Não faltou ninguém.
Muito americano, também, alguns chapéus e eu com o meu na cabeça. Não tive
tempo de me arrumar direito, o jeito foi enfiar o chapéu. De tudo ficam a
lembrança dos flashes e a dor nos pés.
*Fotos de arquivo e da internet
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