segunda-feira, 19 de setembro de 2016

MUTAÇÕES NA ARTE

Minha pintura desde 1960, quando deixei a fase geométrica de cidades iluminadas, caracterizou-se pelo dinamismo e a transparência. A estrutura era feita através de traços negros, que constituíam o arcabouço da composição. Havia a necessidade das passagens atmosféricas, mas também alguma coisa que as sustentassem no espaço. E assim escolhi os veleiros porque tinham mastros, as correntes e canhões porque eram elementos agressivos e decisivos para compor a guerra e as formas metálicas das naves espaciais. 

Minha pintura daquela época não era apenas cósmica, não figurava galáxias ou estrelas. Colocava no espaço objetos estranhos, naves tripuladas, aviões supersônicos, foguetes lunares. Naquele momento eu pintava comunicações no Cosmos, projeções espaciais, o cinema e a TV no espaço, a fuga para os planetas mais próximos, os passeios e as viagens do futuro.

Quando em 1965, introduzi a colagem em meus quadros, já procurava este contraste do espaço fluido, cortado por um objeto quase sempre brilhante ou transparente. As primeiras colagens ainda pertenciam à fase de guerra e sugeriam a dramaticidade necessária ao tema, eram correntes, rodas, sempre um pequeno toque de colagem, apenas para dar um impacto novo à composição. 

Mas nem sempre usava colagens. Poderia obter o mesmo resultado pintando algum objeto estranho, um farol por exemplo. Muitos dos quadros expostos em 1969 no Rio foram pintados numa fazenda distante 2 horas de Belo Horizonte, lugar onde era possível me concentrar um pouco e ver as estrelas brilharem no escuro com maior intensidade, perceber os satélites artificiais cortando a noite e sonhar com algum disco voador pousando na várzea. Mas, apesar de desejar muito, nunca cheguei a ver nenhum disco.

*Fotos de arquivo

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.


Nenhum comentário:

Postar um comentário