terça-feira, 11 de outubro de 2016

A ARTE DE TESSAI

A poesia de Kyoto me lembra o grande artista que representou o Japão na VI Bienal de São Paulo e que, de certo modo, abriu caminho para a compreensão da arte do Extremo-Oriente no Brasil. 
Lembro-me que a sala de Tessai foi das mais belas e significativas. Suas telas transmitiam a mensagem que só os grandes artistas conseguem comunicar. Provocavam um suspense e uma alegria estranha. Suas cores transparentes não reproduziam simplesmente a natureza. Ultrapassavam o conceito individualista da arte para alcançar o campo mais vasto de arte para a humanidade. Seus biógrafos e apresentadores na VI Bienal salientaram vivamente esse aspecto humanístico de sua pessoa.

Tessai era um homem de vasto saber, afamado mundialmente pelo seu humanismo e erudição. Entusiasta de viagens, aproveitou todo o tempo disponível, desde a juventude até a velhice, para vaguear a pé pelo Japão inteiro. Interessado em história, geografia e folclore, esteve sempre em contato com a grandeza do cenário natural e treinou incessantemente seus olhos para a melhor compreensão e percepção da realidade. “Enriquecido e cultivado pela leitura de dez mil livros e pela viagem de dez mil milhas, o espírito de Tessai atingiu seu ponto culminante através do duplo caminho da pintura e da caligrafia, em que se cristaliza a própria essência da arte no Extremo-Oriente. As suas pinturas representam o reino dos Três Tesouros e das Três Venturas, que são: a Boa Fortuna, a Riqueza e a Vida Longa, da mesma forma que as inscrições nos quadros, voltadas todas para o aprimoramento moral da ordem social e para a razão humana, estão imbuídas do espírito de que todos os homens são irmãos, e também do seu desejo de Paz e Felicidade para a Humanidade”(Kojo, Bispo Sakamoto, no catálogo da VI Bienal de São Paulo).

 Esse trecho de sua apresentação no catálogo da Bienal levou-me a admirar também o outro lado do grande artista e o seu desejo de paz para o mundo.

Tessai atingiu o apogeu de sua arte aos oitenta anos de idade, quando conseguiu, através da luminosidade das cores e da transparência de tintas superpostas, chegar à síntese dos processos da pintura oriental. Aliando sua experiências de vida aos estudos teóricos, Tessai conseguiu transmitir em sua obra uma síntese de cultura, arte, filosofia e religião. Seus quadros, de extrema simplicidade, sintetizam essa visão universal do artista. Lembro-me bem do grande biombo, em seis partes, retratando doze locais paisagísticos do Japão. Depois, aquela flor enorme, sozinha, despojada de detalhes, que ocupava quase toda a área do papel cortado em vertical, parecia uma flor de lótus. De dentro dela uma ave levantava voo erguendo-se como um símbolo de paz. O quadro continha a economia de recursos daqueles que são plenos de sabedoria. Ali, em meio às obras de arte moderna, a arte de Tessai era da máxima contemporaneidade, colocando-se tranquilamente ao lado de outras representações internacionais. (Trecho do livro de minha autoria “Encontro com mestres no oriente”)

*Fotos da internet

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