terça-feira, 20 de dezembro de 2016

NELLY FRADE NA HISTÓRIA DO DESENHO E DA PINTURA DE MINAS

A trajetória de Nelly Frade, uma das minhas grandes amigas dos tempos de Guignard, vai me surgindo a partir de seus desenhos em bico de pena, elaborados em forma de um rendado.
Às vezes esses desenhos nos lembram pedras preciosas onde o intrincado das linhas parece se introduzir para dentro de cavernas em busca da pedra bruta, riqueza das terras de Minas Gerais. Através deste intrincado de linhas, vou relembrando a trajetória de Nelly, figura simples e espontânea como uma criança que se deslumbra com o mundo.

Lembro de Nelly na Escola Guignard, à sombra das árvores, desenhando e fazendo suas aquarelas. Nelly gostava das árvores do parque municipal e suas aquarelas eram estimuladas pelo mestre Guignard. Nas férias, Nelly viajava para Caxambu, e até hoje podem ser vistos nas coleções de sua obra, os seus registros figurativos dos parques de Caxambu, realizados em aquarela e óleo. Desde então estava firmado no seu caminho a sua predileção pelo uso das cores.

Voltando às nossas cidades históricas, Nelly deixou a marca da sua personalidade em pequenos quadros que registram o nosso barroco visto através de uma paisagem onde prevalece um expressionismo cheio de vigor.
Nelly usava as cores com maestria e essas cores também a conduziram ao abstrato geométrico, ou construtivismo, que vigorava naquela época.

Formamos na ocasião um pequeno grupo de concretistas mineiros e Nelly participava daquele grupo, criando quadros pequenos mas muito bem resolvidos dentro da estética concretista.
Viajávamos juntas para São Paulo onde participávamos das palestras dos críticos e da convivência com artistas tais como Volpi, Maria Leontina e Milton Da Costa.
Naqueles encontros artísticos, Nelly estava sempre presente.

Ela acompanhava com entusiasmo a minha evolução no campo das artes, e ainda me lembro de Nelly subindo a rua Santa Rita Durão com um jornal de São Paulo na mão.
“Maria Helena, você entrou na Bienal!”
Aquele entusiasmo pelo sucesso do colega era uma virtude preciosa que Nelly sempre manifestou. Ela era muito modesta e se esquivava de concursos e publicidades.

Em 1967, quando Marília Giannetti me chamou para dividir com ela uma exposição em Paris, preparamos uma viagem à Europa e Nelly nos acompanhou.
Lembro-me do seu entusiasmo diante das obras de arte da França e da Itália, países que visitamos na ocasião.
Nelly parecia uma criança descobrindo o novo a cada instante e seu entusiasmo era contagiante.

Naquela ocasião, o embaixador do Brasil em Paris , o Dr Bilac Pinto, compareceu pessoalmente à exposição.

Marília Giannetti era organizada, traçava metas, convidava os diplomatas para a inauguração, enquanto nós duas dávamos preferência para um passeio de charrete pelas ruas de Paris.
Mas, apesar das diferenças, éramos boas amigas e apreciávamos juntas as riquezas do Velho Mundo.

A história de Nelly poderá ser analisada melhor pelos historiadores e críticos de arte que descobrirão no futuro o quanto aquela  artista silenciosamente contribuiu para a história da arte de Minas.
Nelly Frade era tia de Paulo Laender e foi ela que trouxe o artista, quando ainda adolescente para estudar desenho comigo.

*Fotos da internet

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